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Das profundezas do mar....
A praia dos Naufrágos é um dos lugares cuja beleza encanta moradores locais e turistas. Situada ao longo da Rodovia José Sarney, em Aracaju, ela guarda vestígios, memórias e histórias da Segunda Guerra Mundial(1939-1945). O torpedeamento de navios brasileiros no litoral do Nordeste, em 1942, culminou na decisão de o Brasil de se integrar à força dos Aliados para combater os países do Eixo, durante a Guerra. O submarino alemão U-507 atingiu os navios brasileiros Araraquara, Baependi e Aníbal Benévolo, próximo à costa de Sergipe. Centenas de pessoas morreram e seus corpos, juntos com mercadorias, espalharam-se nas areias das praias sergipanas. Os ataques a esses navios estavam inseridos na estratégia de guerra, tonelagem, que consistia em impedir o abastecimento dos inimigos. No caso em questão, os alemães, líderes do Eixo, praticaram esse ato contra os Aliados. A rapidez dos ataques e o despreparo de passageiros e tripulantes impediram que muitos sobrevivessem. No total, mais de 600 pessoas foram mortas. Corpos e sobreviventes chegaram às praias do litoral sergipano, em especial às praias de Aracaju. Com relação aos sobreviventes, é possível afirmar que pertenciam a diferentes grupos socioeconômicos.
Um mau presságio....
A Capitania dos Portos de Sergipe é uma instituição subordinada à Marinha do Brasil. Suas atividades estão voltadas à segurança da navegação, à salvagarda humana no mar e à prevenção da poluição hídrica no Estado de Sergipe. Situada à avenida Ivo do Prado, possui uma posição privilegiada, com frente para o rio Sergipe, onde outrora integrava a paisagem que constituía parte da "praia" frequentada pelos populares. Além disso, próximo à capitania, encontrava-se a Ponta do Tramandaí (o atual Iate Clube), utilizada como ponto de apoio à navegação e lugar de atuação dos práticos, exímios nadadores, que facilitavam as manobras dos navios. Em 1945, diante do atraso de 2 dias do navio mercante Aníbal Benévolo e, temendo uma possível avaria que pudesse ter ocorrido, o capital Gentil Homem de Menezes entrou em contato com alguns pilotos do Aeroclube de Sergipe, que moravam numa república vizinho à Capitania, para que o auxiliasse na elucidação do enigma. Dentre outras atividades, a capitania dos portos serviu como ponto de coleta de objetos dos náufragos, receptora e emissora de informações sobre o conflito, principalmente coma as unidades da Bahia, Pernambuco e Alagoas.
Sob as asas...
O Aeroclube de Sergipe localiza-se na avenida Maranhão, no conjunto Almirante Tamandaré. Conhecido como o Campo do Anipun, foi criado em 1939, e teve suas atividades de pouso e decolagem de aeronaves e ultraleves encerradas em 2015. Quando os navios brasileiros foram torpedeados, os pilotos do Aeroclube exerceram um papel importante no processo de localização dos destroços e das vítimas. Apeensivo com o atraso do navio Aníbal Benévolo, em 1942, Gentil Homem de Menezes, Capitão dos Portos de Sergipe, solicitou ajuda aos pilotos do Aeroclube para verificar o motivo do atraso. Acredita-se que, liderados pelo piloto Walter Batista, eles ajudaram bastante na identificação dos corpos e salvar os sobreviventes do torpedeamento. Participavam deste clube homens como Antônio Leite Cabral, Durval Maynard, Eliseu Santos, Evandro Freire, José da Rocha Novais, José Figueiredo Monte, Lindolfo Calazans, Osório Ribeiro, Valter Rezende e muitos outros. Aeronaves da Força Áerea Brasileira (FAB) e norteamericanas utilizaram esse espaço durante o conflito.
Salvando os enfermos....
Hospital Cirurgia, 1931
Hospital Cirurgia, 2019
Hospital de Cirurgia.
Av. Desembargador Maybnard, Aracaju-SE
Foto:autor, 2019.
O Hospital de Cirurgia localiza-se na Av. Desembargador Maynard. Ele é mantido pela Fundação de Beneficência Hospital de Cirurgia e presta serviços, atualmente, ao Sitema Único de Saúde (SUS). Idealizado pelo Dr. Augusto Leite, foi inaugurado em 1926. O hospital foi o primeiro a realizar cirurgia cardíaca no Estado de Sergipe, em 1986. Trata-se não só de uma referência sobre a história da medicina em Sergipe, mas de memórias diversas, como a do canoeiro Piaba, narrada pelo memorialista Mário Cabral. Piaba fora convidado pela equipe médica para demonstrar o seu famoso apetite. Constaram, na sua refeição, "dois litros de feijão, com farinha, um quilo de carne verde, uma dúzia de ovos, dois litros de arroz, seis mangas e duas latas de goiabada". Para além dessas e de outras memórias, o Hospital Cirurgia esteve presente em diversos momentos importantes no cotidiano de Sergipe. Em 1945, diversos naúfragos feridos foram recebidos neste hopital. Neste espaço algumas testemunhas construiram narrativas, até algumas polêmicas, como, por exemplo, a versão de conspiração construída pelo Estado Novo. Assim, além de socorrer os feridos, este hospital se constituiu como centro enradiador de notícias.
Descansando sob o olhar de um estrangeiro...
Calçadão João Pessoa, Centro de Aracaju-SE
Foto:autor, 2019.
O calçadão da rua João Pessoa, localizado centro de Aracaju, é um espaço que concentra, hoje, inúmeras atividades comerciais e um aglomerado de pessoas. Era conhecido como um corredor de alegria, em contraste com outra rua relevante do centro, o calçadao da rua Laranjeiras, tradicional, conservador e marcado pela religiosidade. Em 1942, tinha como uma de suas referências o Hotel Marozzi, localizado no número 320. Era um estabelecimento muito famoso, pertencente ao italiano Augusto Marozzi. Mesmo no período de tensão, devido aos torpedeamentos, o Marozzi não foi alvo de suspeitas e hospedou sobreviventes dos navios brasileiros no litoral sergipano, além de ter sido palco de manifestações de repúdio ao ataque. O Hotel localizava-se numa rua em que existiam diversos espaços de socialização, como os cafés, onde as pessoas discutiam sobre variados temas, sendo, provavelmente, a Guerra, um deles... Além do Marozzi e do Palácio do Governo do Estado de Sergipe, os hotéis Avenida, Central e Rubina abrigaram os sobreviventes do torpedeamento. Não devem ser esquecidos, os aracajuanos que nos primeiros momentos ofereceram roupas e alimentos às vitímas.
Aqui jaz, parte da nossa história...
Cemitério Naufrágos.
Rodovia José Sarney, Aracaju-SE
Foto:autor, 2019.
Em 1942 o torpedeamento dos navios provocou centenas de mortes. Diferentes lugares foram utilizados para os enterros dos corpos. As areias da praia recebeu, em vala coletiva, muitos destes. Outros espaços, como os cemitérios, também foram utilizados. Um destes foi o cemitério dos Náufragos, localizado na Rodovia dos Náufragos, em Aracaju. Um novo cemitério foi construído em 1972, no bairro Mosqueiro, não muito distante do primeiro, com propósito de abrigar os restos mortais da vítimas do conflito, quando da construção da rodovia, às margens da praia. No ano seguinte, este cemitério foi considerado um monumento histórico pelo governo do Estado de Sergipe. Para ele deveriam ser transferidos os restos mortais de vítimas dos torpedeamentos dos navios brasileiros no litoral sergipano, durante a Segunda Guerra Mundial. Mas, acredita-se que seu valor é mais simbólico. Além do cemitério dos Naufrágos, construído, alguns dias após o ocorrido, caminhões levaram corpos para os cemitérios dos Cambuís e Santa Isabel.
Notícias quentes...
"Um corredor frenético", assim podemos definir a avenida Ivo do Prado, conhecida popularmente como Rua da Frente, na qual uma variedade de lojas e serviços são disponibilizados à população, absorvendo, inclusive, uma mão de obra considerável. Desde muito tempo, nesta avenida, diversos empreendimentos comercias se estabeleceram, dentre eles, os jornais. A Imprensa teve um papel relevante durante a Guerra. Informava e criava discursos sobre o acontecimento de 1942. Dentre os jornais que circulavam na epóca, pode ser citado o Jornal Correio de Aracaju. Este mudou sua localização por diversas vezes. Em 1906 encontrava-se na rua Japaratuba, n°25. Em 1945, mudou-se para a av. Rio Branco, outrora rua Aurora, n°34. Posteriormente, tranferiu-se para a rua Geru, n°188. Inicialmente, o jornal tinha como objetivo defender o regime republicano federativo e discutir assuntos morais e políticos do estado de Sergipe. A Segunda Guerra Mundial era noticiado diariamente. Na Itália, campo de batalha dos brasileiros, alguns combatentes também tiveram contato com o jornal, enviado por familiares, através do correio da Força Expedicionária Brasileira (FEB). Informações e biografias dos combatentes eram publicadas. O jornal acabou sendo censurado pelo DIP (Departamento de Imprensa e Propaganda). Este Departamento utilizava rádios, jornais e o cinema para construir uma imagem positiva do governo federal e incentivar denúncias de estrangeiros acusados de espionagem. Mas, principalmente, tinha a incumbência de censurar os opositores do Governo de Getúlio Vargas, em 1945, o proprietário do jornal fora um deles. Têm-se através do Correio de Aracaju, do Diário Oficial de Sergipe, do Jornal Folha da Manhã e de outros, a oportunidade de conhecer como a Imprensa sergipana produziu, fez circular e apropriou-se de informações sobre a Guerra.
Entre gados e uniformes...
Fonte: Biblioteca Nacional
28º Batalhão de Caçadores, bairro 18 do Forte
Fonte: SANTOS, Marcelo 2019.
As idas e vindas de recrutas e soldados e, ocasionalmente, as filas de veículos de carros-pipas, esperando a inspeção e credenciamento militar para participarem de projetos de combate à seca, faz parte do cotidiano do Quartel do 28º Batalhão de Caçadores (28ºBC), de Aracaju. Desde 1917 o exército brasileiro se fez presente na cidade de Aracaju com a instalação de um Batalhão de Infantaria, o qual recebera o nome de 41º Batalhão de caçadores. Este ocupou, inclusive, o local onde hoje é o Hotel Pálace (desativado), na praça General Valadão. Em seguida, o exército fez uso de instalações na Avenida Simeão Sobral, 63, no bairro Industrial. Criado em 1938, o 28° Batalhão dos Caçadores, desde 1943, ocupa uma área de visão privilegiado no alto da colina do bairro 18 do Forte. Este quartel teve um papel importante na expansão da população local. Caracterizada pela simplicidade sócio-econômica e por ter enfrentado, ao longo da sua formação e consolidação, dificuldades de saneamento básico, a comunidade tem como um dos seus vestígios da memória, o Quartel do 28º BC. Este participou significativamente da Segunda Guerra Mundial, defendendo o Brasil. Durante o conflito, a população brasileira criou uma série de campanhas de ajuda ao Exército, como a campanha dos 1000 bois que tinha o objetivo de abastecer as Forças Armadas sediadas em Sergipe.
Em meio à escuridão...
O antigo Farol de Aracaju, localizado na Rodovia Paulo Barreto, no Bairro Farolândia, em Aracaju, foi criado no início da segunda metade do século XIX. Feito de madeira, recebeu uma estrutura metálica em 1888, mas o destino da estrutura, vinda da Inglaterra, era a cidade de Recife. De propriedade do Ministério da Marinha, foi tombado(protegido) pelo Governo do Estado de Sergipe em 1995. Funcionou até 1991, quando foi inaugurado um novo farol no bairro Coroa do Meio. O objetivo do farol era orientar as embarcações que chegavam à foz do Rio Sergipe. Na ocasião do ataque do submarino alemão aos navios brasileiros, existem notícias de que a luz do farol tenha sido avistada. Tal fato mostra que as embarcações estavam próximas do continente quando foram atacadas. Há relato de que durante a Guerra o Farol passou cerca de dois meses apagado, contribuindo para o clima de medo da morte, da guerra e do desconhecido, que dominava muitos moradores da região.
Um espião?
A Cúria Metropolitana de Aracaju está localizada na praça Olímpio Campos, esquina com a rua de Santa Luzia. Esta edificação, de estilo arquitetônico neogótico, foi criada entre 1910 e 1920. É um bem tombado pelo Patrimônio Histórico de Sergipe. Serviu como residência para Nicola Mandarino e sua família até sua morte em, 1963. Nicola Mandarino fora acusado de ser um espião e estar enviando informações ao comandante do submarino alemão que torpedeou navios mercantes na costa sergipana. Foi preso e levado à Penitenciaria Modelo, junto com outros acusados de espionagem. Mas, após ser processado, foi considerado inocente das acusações.
Entre a oração e a informação...
A igreja do Santo Antônio está localizada na colina do bairro Santo Antônio, zona norte de Aracaju. Criada por volta do século XIX, ela, atualmente, é ponto de referência de diversas manfestações religiosas e culturais, proporcionando uma vista privilegiada para turistas e mpopulares que a visitam. Poetas, memorialistas, escritores e acadêmicos lançaram diversos olhares sobre a Trezena dos Santos Juninos e o Cortejo da Lavagem das escadarias da Catedral Metropolitana, este, realizado pelos adeptos do candomblé, em homenagem a Nossa Senhora da Conceição. Mas, nem só as flores, as músicas e as orações integram a paisagem desse lugar. Preenchem o quadro, também, memórias e histórias diversas, como as relacionadas à Segunda Guerra Mundial. Em meio ao conflito e diante do medo instaurado na cidade com os torpedeamentos, alguns padres franciscanos, responsáveis pela igreja, foram presos, acusados de estarem ajudando os países do eixo por conta de uma luz que vinha do topo da colina onde ficava localizada a igreja.
Um modelo a não ser seguido...
Do Alto da Pindaíba, no Bairro América, destaca-se uma construção que nos remete aos castelos medievais europeus. Trata-se da Penitenciária Modelo, crida pelo governo do Estado de Sergipe em 1926. Nela foram presos homens acusados de conspirarem contra o Brasil, durante a Segunda Guerra Mundial. Encarcerados, alguns alemães e italianos não escaparam da superlotação, da falta de higiene e do convívio com presos violentos, nas celas onde foram acomodados. Desprovidos do exercício da plena defesa, restou-lhes esperar por melhores dias diante da acusação de cometerem “crimes de guerra”. Visitaram, compulsoriamente, a Penitenciária, homens como Vicente Mandarino e frei Euzébio Valter. Estes, assim como outros, foram inocentados das acusações. Devido à pressão da população, as atividades da penitenciária foram encerradas no ano de 2007. Vale destacar que ela teve um papel importante na criação e expansão do bairro, pois os primeiros habitantes eram ex-presidiários, seus parentes e amigos, que foram construíndo suas casas no entorno da edificação. Por um longo tempo, o estigma de bairro violento fez parte da vida cotidiana dos moradores. No prédio, funciona, a Escola de Gestão Penitenciária (EGESP), desde 2012.
Palácio Olímpio Campos: confortanto os desvalidos...
Fonte: SANTOS, Marcelo, 2019.
Foto: SANTOS, Marcelo, 2019
Ao transitar pelo centro da capital sergipana, na Praça Fausto Cardoso, o visitante é envolvido por um ambiente no qual diversas memórias podem ser acionadas, instigadas pela arquitetura do lugar. Um desses lugares de memória é a antiga sede administrativa oficial do Governo do Estado, o Palácio Olímpio Campos. Instituído em meados do século XIX, o Palácio foi palco de diversos acontecimentos importantes na vida dos sergipanos: o assassinato de líder político, na República Velha(1889-1930); aglomerações diante da notícia do suicídio do presidente da República Getúlio Vargas (1954); manifestações de trabalhadores por reivindicações, garantias e ampliações de direitos sociais, dentre outros. Em 1942, quando os navios brasileiros foram torpedeados, nas costas do litoral sergipano, este espaço fora utilizado não só como centro de decisão das estratégias de alcance estadual, diante da guerra, mas também como centro de apoio de diversas demandas, como a necessidade de abrigar alguns náufragos, logo no início dos primeiros socorros aos necessitados, além de acolher as condolências pelo trágico acontecimento. Atualmente o palácio funciona como um museu, o Palácio Museu Olímpio Campos.
Malafogados: vão se os anéis...e os dedos também...
Fonte: Biblioteca Nacional
Foto, SANTOS, Marcelo, 2019
Os mercados centrais de Aracaju, atraem anualmente, milhares de turístas. Os produtos agrícolas típico da região, como a farinha de mandioca, mesclam-se com as ervas medicinais, rendas e cerâmicas do artesanato sergipano. Contudo, estes espaços oferecem, também, memórias e histórias sobre o cotidiano da cidade. Uma dessas memórias, nos remete à Segunda Guerra Mundial. Em 1942, provavelmente os trilhos que sustentavam os bondes, que transportavam mercadorias e pessoas, alimentaram não apenas o imaginário dos aracajuanos sobre a Guerra, mas, também faziam parte do cenário no qual, entre vindas e idas dos transeuntes, circularam mercadorias oriundas dos navios torpedeados, os chamados malafogados. Diversos objetos foram comercializados ilegalmente também no bairro Siqueira Campos, mais conhecido como "Aribé". Estes espaços, possivelmente, assistiram ao aumento dos preços dos gêneros alimentícios de primeira necessidade, impulsionado pelos conflitos.
Batalhas da memória 1 : lembranças e esquecimentos
Foto: SANTOS, Marcelo, 2019.
Os estabelecimentos comercias e de prestação de serviços de saúde, caracterizam o bairro São José, em Aracaju. A Rua Duque de Caxias, localizada no bairro, até 1943 chamava-se Rua Altenesch, em homenagem ao engenheiro civil Hermann Otto Wilhelm Aredt Von Altenesch. Ele foi o responsável pela modernização da Ponte do Imperador, ´pela costrução do 1º Jardim de Infância Augusto Maynard e de outras edificações, particulares e públicas. Mas, por ser alemão, compatriota dos responsáveis por torpedear navios brasileiros no litoral sergipano, e para exterminar todo tipo de homenagem ligadas aos países do Eixo, a rua que tinha o nome de Altenesch, em 1943, teve sua denominação mudada para Rua Vila Nova, no contexto da política de "desgermanização". Posteriormente, ela passou a ser chamada de Duque de Caxias. A rua fazia parte de um dos itinerários de bonde mais importantes da cidade. Este tinha início no bairro Santo Antônio e tinha como destino final a rua Duque de Caxias.
Batalhas da memória 2 : do apito do trem ao barulho do mar...
Da praça dos Expedicionários, no bairro Getúlio Vargas, vê-se as ruínas do prédio abandonado da antiga Companhia Ferroviária Centro-Atlântica. Aracajuanos idosos certamente lembram das idas e vindas dos trens da estação ferroviária, inaugurada em 1950. A denominação “Praça da Leste”, atribuída pelos populares, disputa um lugar de memória com a “Praça dos Expedicionários”. Em 17 de Julho de 1945, os jornais noticiaram o retorno dos soldados e civis, integrantes da Força Expedicionária Brasileira (FEB), que lutaram nos campos de batalhas, na Europa, durante a Segunda Guerra Mundial. Os ex-expedicionários foram recebidos de forma festiva no Rio de Janeiro, no dia seguinte. Os sergipanos também receberam as respectivas homenagens. Entretanto é preciso apontar que os aproximadamente 300 pracinhas não retornaram ao mesmo tempo. Em dezembro daquele ano, uma homenagem foi organizada para os ex-combatentes, tratados pela imprensa como “heróis da pátria”. Missas, bailes, almoços, desfiles e outros eventos realizaram-se, por conta do acontecimento. A Praça dos Expedicionários é um vestígio em homenagem aos sergipanos que lutaram na Segunda Guerra. Em Aracaju, os integrantes da Força Expedicionária Brasileira são homenageados anualmente no desfile cívico comemorativo ao processo de Independência do Brasil. Essas práticas integram um esforço da comunidade em revigorar a memória dos ex-combatentes.
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